Desde o momento em que nascemos, e há quem acredite que mesmo durante a gestação, todos nós, indistintamente, enfrentamos desafios, muitos deles resultantes em perdas, em forma de morte, abandono, rejeição, traição, etc. Essas perdas provocam uma sensação ruim, quase insuportável, que corrói por dentro e que passa a conduzir nossas ações, provocando reações, sem que percebamos isso.
Alguns, para aplacar essa sensação criam modos de defesa, em forma de hábitos compulsivos (comprando, comendo, jogando), ou usando drogas (remédios ou entorpecentes), etc., na tentativa de esquecer a origem da dor. Outros “trancam” a lembrança no inconsciente e a “esquecem”. Tanto em uns como nos outros, por motivos diversos, tais defesas acabam levando a problemas maiores e tornam ineficazes e o sofrimento surge, em alguns no corpo, como doenças psicossomáticas, com sintomas inexplicáveis pela Medicina, em outros no psíquico: a pessoa fica confusa, violenta, esquecida, sente medos, se sente vazia, passando pela vida, insegura, em suma, infeliz.
A origem de todos esses sintomas é aquela perda que se transformou num tipo de energia ruim que está guardada no inconsciente, mas que existe, está viva e pulsa.
Utilizando as técnicas da Psicanálise, a pessoa percebe, por exemplo, que há uma época da sua vida da qual não se lembra de nada, ou, que todos os “azares” que dá, tem uma causa, ou, que aquela forma como procede é a repetição de um padrão que conhece.
Para alguns, conhecer a origem do sofrimento representa livrar-se deles, para outros, dar um novo significado ao ocorrido tem o mesmo efeito, para outros ainda, se perceber é o suficiente.
Tive um caso clínico em que a pessoa se sentia muito mal vendo o mar, chegava a ter pânico. Mesmo almoçar a beira-mar era um sacrifício. Durante a análise surgiu a esquecida emoção da forçada viagem de navio que fez quando criança, quando foi afastada da família.
Isso não a tornou uma apaixonada por praia, mas permitiu-lhe desfrutar do convívio familiar naqueles momentos.
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