Sem dúvida, medir o tempo é criação do homem. Seres sem essa preocupação, comem quando tem fome, dormem quando tem sono e não se preocupam com o que pode acontecer semana que vem. Usualmente esses seres quando atingem a maturidade, abandonam o grupo que os abrigava e formam seu próprio grupo.
Não se prendem ao passado e desconhecem o que seja futuro.
Como o homem é “inteligente” a coisa é bastante diferente: vivem o presente aprisionados ao passado e em função do futuro.
Claros que somos resultado do passado. A família que nos criou, as condições que nos propiciaram, os valores que nos transmitiram, são fundamentais na vida que temos. Mas será que não conseguimos modificar esses fatores? Temos que manter a escolaridade que nos deram, morar no mesmo lugar, ter as mesmas crenças, e principalmente, manter o passado vivo nas nossas lembranças? Por que não chutamos o balde e mandamos tudo às favas, se for essa a nossa vontade?
Porque temos medo do futuro!!
O passado nos aprisiona e o futuro nos aterroriza.
A grande sacada do Freud foi constatar que os traumas, as decepções, tudo que foi percebido como muito ruim é guardado num cofre chamado inconsciente, que mesmo longe da memória, comanda nossas ações. Essa foi a descoberta: o Homem não é o Senhor das suas próprias razões.
E como assumir o comando da vida? Deixando o passado lá mesmo! Aquele relacionamento destrutivo e aquela decepção foram importantes para formar o presente, mas hoje não valem quase nada, tanto que sobrevivemos independentemente de eles terem ocorridos.
Mas essas lembranças continuam atormentando e vivas no presente.
Inconscientemente queremos manter essas lembranças, porque nos livrar delas nos levará a uma condição desconhecida. Perderemos a condição de coitadinhos, de sofredores, de injustiçados e teremos que assumir o controle.
E isso nos leva ao desconhecido. O futuro aterroriza e dá medo. Nos sentimos mais seguros nas condições que conhecemos, mesmo sendo surrados todos os dias.
Modificar esse estado de coisas requer algo mais do que vontade e de conselhos. É preciso perceber a real origem das questões e o que estão provocando. Amigos, parentes e líderes religiosos são excelentes conselheiros, mas o técnico é imprescindível nessa missão.
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