Muitas coisas na essência e na forma de agir nos diferenciam dos animais, sendo uma das principais o raciocínio e o uso da razão, mas apesar do contínuo aprimoramento da nossa capacidade intelectual, impossível nos livrarmos da nossa porção animal, pois habitamos um corpo que tem necessidades inadiáveis e que sempre busca o prazer.
Essa dualidade – corpo e razão, algumas vezes acarreta conflitos intensos porque muitas normas sociais impõem sofrimento ao corpo, pois não admitem que “desejemos a mulher do próximo” e exigem que tenhamos “boa aparência”.
Somos racionais, habitando um corpo animal e sequer somos donos da própria razão, pois agimos impulsionados pelo inconsciente, que tem suas próprias motivações, pois armazena sensações e emoções escamoteadas ao longo da vida.
Através da razão percebemos, recordamos, julgamos, compreendemos e queremos, muitas vezes forçados por um comportamento que outros nos impõem, além do que grande parte da nossa vontade é impulsionada por motivos que não estão no nosso consciente.
O que resulta de toda essa confusão são conflitos psíquicos que denominamos por exemplo, como depressão, ansiedade e angústia, que se materializam em comportamentos que negam o próprio corpo ou o agridem, como comer, beber e se boicotar.
Muitas vezes quando o conflito se torna incontrolável, o inconsciente age como se fosse um chicote fustigando o corpo: manchas aparecem, o cabelo cai, o estômago queima e outras coisas mais.
O grande lance é que esses conflitos que atormentam a existência e castigam o corpo, sempre estão no passado e na realidade só são importantes porque assim os vemos e já não são essenciais para nossa vida, tanto que estão no passado.
Mas algo nos aprisiona a eles e muitas vezes sequer conseguimos identificá-los. Muitas condutas nos auxiliam a conviver com esse passado, mas somente ao percebê-lo, teremos alívio. A questão que deve ser enfrentada e que permitirá resolver tais conflitos é entender o porquê de não nos livramos desse passado, porquê insistimos em viver aprisionados a ele.
É como se você tivesse um caco de vidro no pé. Pode passar a vida tomando anti-inflamatório ou arrancá-lo de lá.
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